ABC se aproxima da Capital, uma das cidades mais poluídas do mundo

Nos últimos dois dias, a qualidade do ar no ABC piorou significativamente e está quase tão ruim quanto na Capital, que chegou a ser considerada a cidade mais poluída do mundo esta semana pelo site suíço IQAir. Esse site é conhecido por medir a poluição do ar globalmente, usando dados oficiais, que no caso de São Paulo vêm da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). A Cetesb possui estações de monitoramento espalhadas por todo o estado, inclusive no ABC. O mesmo céu cinzento e ar seco que afetou a Capital também foi notado no ABC no início desta semana.

Na segunda-feira (09/09), São Paulo foi a cidade mais poluída do mundo entre o final da manhã e o início da tarde, com um índice de qualidade do ar (IQA) de 170, onde índices mais altos indicam um ar mais poluído. Na noite de terça-feira (10), a cidade teve uma leve melhora, com um IQA de 155, mas ainda se mantinha como a quarta cidade mais poluída globalmente, atrás de Adis Abeba (Etiópia), Kampala (Uganda) e Riad (Arábia Saudita), que liderava com um IQA alarmante de 275, considerado muito insalubre.

De acordo com o levantamento mais recente, duas cidades do ABC foram classificadas como “Insalubres” pelo IQAir. Mauá registrou um IQA de 161 e 70 microgramas por metro cúbico de partículas PM 2,5, que são partículas finas provenientes da queima de combustíveis. Já São Bernardo teve um IQA de 158 e 65 microgramas de PM 2,5. Santo André foi categorizada como “insalubre para grupos sensíveis” com um IQA de 138 e 50,4 microgramas de PM 2,5, enquanto Capuava, em Santo André, teve uma condição moderada com um IQA de 61.

Em Diadema, no centro da cidade, o índice era moderado no início da noite de terça-feira, com um IQA de 65 e PM10 em 84 μm/m³. Segundo a Cetesb, a situação no centro de Santo André era considerada muito ruim, e Capuava estava moderada. A companhia também confirmou a condição moderada para Diadema e avaliou a situação em Mauá como ruim. O centro de São Bernardo estava em condição muito ruim segundo o relatório.

A Cetesb informou que as condições climáticas atuais são desfavoráveis para a dispersão dos poluentes. O ar está carregado com poeira, fuligem e fumaça, agravado por uma massa de ar quente e seco, ventos fracos e a falta de chuvas. Isso tudo contribui para a concentração de poluentes. A Cetesb recomenda evitar exercícios ao ar livre e aumentar a hidratação. O site IQAir sugere o uso de máscaras para reduzir a inalação de partículas poluentes.

Para idosos, crianças e pessoas com problemas respiratórios, essas condições podem ser ainda mais prejudiciais. O médico pneumologista Victor Hugo Martins, colaborador do Gepraps-FMABC, destaca que o aumento da poluição pode agravar quadros de doenças respiratórias como asma e DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica). E mesmo quem não tem doenças respiratórias pode acabar desenvolvendo problemas crônicos. “A poluição pode contribuir para o desenvolvimento de doenças respiratórias crônicas, como a DPOC, que está relacionada tanto ao tabaco quanto à poluição e queima de biomassa. O uso de máscaras pode ajudar a reduzir o impacto, embora não seja a solução ideal”, afirma o médico.

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